O movimento vai ampliar ações de combate aos agrotóxicos no Mato Grosso do Sul, que é um dos estados campeões no uso destas substâncias.
Escrito por: Sérgio Souza Júnior, com informações MPF e www.contraosagrotoxicos.org
O Comitê MS Contra os Agrotóxicos e Pela Vida vai realizar o lançamento do filme, “O veneno está na mesa II”, de Silvio Tendler, no dia 26 de maio (segunda-feira), às 15horas, no Campus da UFMS, localizado cidade de Campo Grande.
O primeiro documentário desta sequência foi muito bem avaliado pela crítica e contou com a narração de Amir Haddad, Dira Paes, Julia Lemmertz e Caco Ciocler. Nele, o autor desenvolveu muito bem a temática da denúncia, abordando de forma clara e objetiva, um assunto que deveria ser de conhecimento de toda a população.
A indústria de venenos agrícolas utiliza no Brasil, substâncias de alto poder de toxicidade, proibidas no resto do planeta, mas que são despejadas em nossos alimentos. Os dados são alarmantes, o consumo de agrotóxicos no país, chega a impressionante marca de 5,2 litros de veneno per capita, por ano.
O Segundo filme da série, apresenta alternativas, quando são usados os recursos da agroecologia, uma transição de modelo de produção, para uma modelo de produção mais sustentável.
O objetivo do Comitê, com esta exibição é realizar um grande encontro, para promover o debate e a partir daí, articular com mais intensidade esta pauta no estado de Mato Groso do Sul.
Segundo Vanderlei Severino da Silva, dirigente do SINPAF-MS (filiado à CUT), “nós lançamos o comitê no início de 2012 e estamos tentando encaminhar novas ações, uma das primeiras será o lançamento do filme, no dia 26 de maio e realizaremos também uma atividade com o pessoal do TPT (Tribunal Popular da Terra), no município de Corguinho”.
Resultados
A campanha contra os agrotóxicos é nacional, em outros estados da federação ela já colheu muitos frutos, conforme explica Vanderlei, “após o início da campanha, já conseguimos aprovar matérias legislativas municipais e estaduais que ampliam a proteção ambiental, regulam a pulverização aérea e que legislam sobre margens de segurança e o respeito às plantações agroecológicas, agora precisamos avançar sobre este tema no Mato Grosso do Sul”.
Nos últimos três anos, o Brasil vem sendo um dos países com maior público consumidor de agrotóxicos no mundo. Os impactos à saúde dos brasileiros são amplos, porque atingem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazendas, além de todos nós que consumimos alimentos contaminados.
O movimento advém da preocupação das entidades, pois o Mato Grosso do Sul, é um dos campeões de uso dos agrotóxicos no país, principalmente de produtos que vem de outros países, onde determinadas substâncias foram banidas.
Água contaminada em Dourados
Esta situação dos agrotóxicos é tão alarmante, que o Ministério Público Federal entrou nesta questão, em janeiro deste ano, por decisão liminar e determinou que fossem feitas análises quinzenais da água consumida pela população de Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, com 207 mil habitantes. As análises buscavam apurar possível relação entre a contaminação da água por resíduos de agrotóxicos provenientes das lavouras e a saúde dos moradores do município.
A denúncia que mobilizou a investigação partiu de um sindicalista. Perguntamos sobre este caso ao denunciante, o Dr. Ronaldo Costa, dirigente do SINTSS-MS (filiado à CUT), que nos respondeu, “exames de trabalhadores de uma empresa do setor de serviços de Dourados, apresentaram alterações nos exames laboratoriais. Após eliminar todas as possíveis causas de alterações laboratoriais, levantei a hipótese de que algum fator comum provocara a alteração nos exames dos trabalhadores e pedi ao MPF que investigasse a água” disse.
O procurador do MPF, Dr. Marco Delfino pediu exames no LACEN-PR e os exames confirmaram a presença de duas substâncias tóxicas, o temefós e clorpirifós etílico.
Segundo o site do MPF, “nos Estados Unidos, em 2000, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) concluiu que o agrotóxico clorpirifós oferece grande risco, principalmente sobre o sistema nervoso e o desenvolvimento do cérebro e o fígado". Desde então, o produto não pode ser comercializado para uso urbano no país, e os agrotóxicos que contenham a substância têm uso restrito.
Processo
O Ministério Público Federal em Dourados ajuizou ação, pedindo que fosse determinada a análise da água do Rio Dourados, após receber laudos que atestavam presença de agrotóxicos em valores acima do permitido. Foi encontrada a presença do agrotóxico clorpirifós etílico - inseticida, pesticida e formicida, classificado como altamente tóxico pela Anvisa - e o temefós - larvicida comumente utilizado contra proliferação de mosquitos. Não só o consumo de água com estes produtos é prejudicial à saúde, como também afeta a alimentação dos peixes do rio, que concentram altos níveis das substâncias nocivas.
Sobre o processo, veja mais informações diretamente neste link:
Comitê Estadual
Comunicadores, advogados, estudantes, sindicalistas, cientistas sociais e da saúde, militantes populares, representantes de entidades e organizações sociais compõem o Comitê que organiza a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, que é um movimento contra hegemônico para exigir ao Estado e Governo Brasileiro, o banimento dos agrotóxicos que atentam contra a saúde e a vida da população. Você também pode participar deste importante movimento, basta procurar as entidades que compõem o Comitê e participe da exibição do filme.
Para mais informações, contate os seguintes e-mails:
comitemscontraosagrotoxicos@hotmail.com ou vandeflu2011@hotmail.com
Acesse também o link nacional da campanha: http://www.contraosagrotoxicos.org/