Tainá Jara e Fernanda Kintschner
Durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, na tarde desta segunda-feira (16), o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ricardo Bueno, revelou a limitação do órgão diante das decisões tomadas pelos gestores da saúde no Estado. “Conselheiro trabalha com a faca no pescoço”, afirmou.
De acordo com ele, os gestores se mostram intransigentes ao discutirem os problemas dos hospitais. “Eles sempre argumentam que ou se faz isto ou as pessoas morrem. O que a gente vai fazer?”, questiona.
Bueno citou as terceirizações como um dos exemplos. Conforme ele, a manutenção dos equipamentos do SUS (Sistema Único de Saúde) é precária e algo usado como justificativa para o aluguel de máquinas. “Isto já indica uma tercerização da saúde”, afirmou. Para Bueno o ideal seria a capacitação de técnicos para estas tarefas, porém os administradores não demonstram interesse.
Conselho havia determinado destinação de aparelhos para oncologia
O presidente indica que muitas situações foram previstas pelo o conselho, mas não foram levadas em consideração. Um exemplo seria a aquisição de equipamentos para tratamento oncológico, que foram doados para a Neorad, empresa do médico Adalberto Siufi, ex-diretor do Hospital do Câncer e envolvido na Máfia do Câncer.
“O conselho já havia deliberado até para onde eles poderiam ir. Mas ficamos sabendo da vinda dos aparelhos apenas pela imprensa”, declarou.
A informação não foi repassada nem mesmo pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), que possui uma cadeira dentro do conselho. “Acabamos discutindo problemas e não apresentando soluções e aconselhando o Estado”, desabafou Bueno sobre a real função do conselho.
Para o Bueno o maior problema da saúde não é a falta de dinheiro e sim a gestão. Entre as necessidades elencadas por ele, está a contratação de pessoas. “Por exemplo, a reinauguração do PAM vai desafogar, mas não vai resolver todo o problema”, afirma sobre o investimentos em novos leitos.
Segundo ele, atualmente há apenas 3.500 servidores estaduais na área da saúde em todos os 79 municípios do Estado.
Outro problema, que leva a precarização é o fato de apenas 12% de recursos estaduais destinados à saúde, não serem totalmente investidos. “Parte do orçamento contabilizado nesta porcentagem não vai para investimento e sim para cumprir uma Lei Estadual de rateio, que nós somos contra”, concluiu.
Fonte: www.midiamax.com