Mulheres e Homens sindicalistas e dos movimentos sociais realizaram no dia 7 de Abril (2014), a Mesa de Discussão dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde com o tema: Não à violência contra as mulheres.
A atividade, segundo avaliação dos/as participantes, cumpriu seu objetivo, no sentido de promover o ebate e o encontro entre diversos segmentos sociais, sindicalistas, professores universitários, estudantes, entre outros.
O evento contou com a participação de dirigentes nacionais da CUT e especialistas no tema. Abaixo, reproduzimos o documento final que apresenta o relato de todos os espaços de discussão, promovidos pela atividade, que nos foi encaminhado pela diretora do SINTSS-MS Cleuza Pedrosa, atualmente Presidenta do Conselho estadual de Defesa dos Direitos da Mulher.
Relatório Final do encontro.
Violência contra a mulher não tem graça, fere o corpo e a alma.
O Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social do Mato Grosso do Sul (SINTSS/MS), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Conselho Estadual do Direito da Mulher (CEDM/MS), realizaram no último dia 7 de abril de 2014, na sede da FETEMS em Campo Grande, o encontro: Violência contra a mulher não tem graça fere o corpo e a alma.
Uma discussão com o objetivo de desenvolver um diálogo e uma reflexão acerca da violência no cotidiano das mulheres. O fenômeno da violência contra as mulheres é uma prática em qualquer parte do mundo e sistematicamente naturalizado e invisibilizado em uma sociedade capitalista e patriarcal e neste sentido se faz necessários à instrumentação dos movimentos sociais no subsidio ao enfrentamento desta violência que destrói a família e a dignidade das mulheres no dia a dia.
O Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social do Mato Grosso do Sul, propôs a realização desta atividade, baseado nas propostas apresentadas em sua eleição em Novembro de 2013. Na defesa desta proposta o Presidente do SINTSS-MS defendeu nas reuniões preparatórias “a luta das mulheres por igualdade, liberdade e respeito é um princípio, que foi motivo de campanha nacional da CUT no seu 8 de Março, por este motivo, temos a obrigação de realizar esta atividade que vai de encontro com nosso plano de trabalho do sindicato”. Pelo seu empenho e dedicação para a materialização desta atividade, as companheiras que construíram este importante evento, reconhecem sua iniciativa para a realização desta atividade.
O evento reuniu cerca de 90 pessoas entre movimento social e acadêmicos de psicologia, ciências sociais e sindicalistas, tendo inicio às 08h30minh, com fala das autoridades presentes, entre elas o presidente da Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), Roberto Magno Botarelli, que foi um dos co-realizadores do evento, o plenário da Federação foi a sede do evento. Em sua fala, ele parabenizou todas as pessoas presentes, simbolicamente na pessoa da Presidenta do Conselho Estadual dos Direito da Mulher do MS, Cleuza Pedrosa, representante do SINTSS-MS no conselho. Roberto cobra compromisso efetivo no combate a violência contra as mulheres no estado, dizendo que a luta pelo direito das mulheres não deve só ficar no discurso, mas integrar as pautas do governo como política de estado, respeitando à forma como as mulheres se organizam para garantir seus direitos na sociedade.
Ricardo Bueno, Presidente do Conselho Estadual de Saúde MS, questiona a insensibilidade do governo a respeito da delegacia 24hs e também o fato desta não funcionar nos finais de semana, que é diagnosticada em um índice, como as principais datas que ocorrem violências contra as mulheres, neste sentido, disse que não é possível que o governo não veja esta barbárie no estado.
Na sequência da mesa, falou Miriam Menezes, a 1ª mulher a presidir uma central de trabalhadores em mato grosso do sul a Cut, lembra que em sua gestão sempre trabalhou o tema como política transversal e neste sentido e papel de todos em desconstruir e combater esta violência historicamente produzida e imposta às gerações como modelo natural patriarcal e capitalista e seguindo o mesmo viés das falas os movimentos sociais presentes na mesa de abertura cobram compromisso do governo e respeito com políticas pontuais que tragam dignidade e inserção das mulheres na sociedade. Se desfazendo a mesa de abertura, inicia se a 1ª mesa de palestra tema: Os cenários e desafios da saúde da mulher no Brasil, ministrado por Fátima Veloso Cunha Presidenta do Sindsaúde Goiás e secretaria da mulher trabalhadora da CUT. Sua fala dirigiu um olhar mais profundo e atento em relação às vítimas de violência domestica no país. Segundo ela na maioria dos casos, a vítima busca ajuda em uma unidade do Sistema Único de Saúde e os profissionais destes locais devem estar qualificados para a identificação imediata desses casos de violências e dar o devido encaminhamento. Segundo ela é necessário qualificar o atendimento com psicólogos e profissionais treinados para ouvir as vítimas, são fundamentais que na hora do relato das vitimas, a visão e a sensibilidade dos trabalhadores, sejam acolhedoras ao relato dos fatos, são alguns dos itens indispensáveis no espaço de escuta.
Ainda durante o evento, foi apresentado o Programa de Atenção de Saúde da Mulher, a continuidade do regime de escravidão do trabalho doméstico, a Lei trabalhista da empregada doméstica Nº 72/03/2013, que se torna um avanço a estes trabalhadores, mais por outro lado, traz a insatisfação de alguns setores retrógados que vêem estes empregados ainda como continuidade de suas senzalas, tanto é, que algumas madames em passeata na Avenida Paulista com cartazes e palavras de ordem dizendo agora as domésticas querem ir para universidade, “que absurdo” que no século vinte e um ainda temos que deparar com a política de exclusão destes setores reacionários e a serviço do capitalismo que sempre se beneficiou desta cultura machista sexista e patriarcal, onde as relações pessoas afetivas não estão fundamentadas nos sentimentos e no afeto, mas nos princípio da propriedade, do controle e do domínio sobre a mulher.
A 2ª mesa de discussão ministrada pela representante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Silvana Veríssimo do Amaral, que pautou a discussões sobre a Política Nacional e Integral de Saúde da população negra, com ênfase nas mulheres. Decorreu sobre a vulnerabilidade social e pragmática em que se encontra a população negra no Brasil, e citou as cinco (5) condenações aplicadas no Brasil, por causa de racismo no mundo e duas (2) em São Paulo, pontuou também, as doenças mais evidentes na população negra, tais como: Anemia falciforme, diabetes mélitus, hipertensão arterial, miomatose, câncer de mama, útero, próstase e câncer intestinal alem da hepatite b e c, tuberculose, AIDS, distúrbios mentais e outras doenças crônicas como chagas esquistossomose leishmaniose, hanseníase, doenças estas relacionadas à população negra devido à questão social, meio ambiente. Falou também sobre a morbi mortalidade por causa externa, mobilidade moderna e genocídio da juventude negra.
Após apresentação das duas palestrantes da manhã, a mesa abriu o espaço para perguntas, respostas e considerações finais das debatedoras, encerrando as atividades da manhã, para o intervalo do almoço, com retorno às 14h00min horas.
À tarde, os debates voltaram, com mais duas mesas de discussão, lembrando que seria três mesas de discussão na parte da tarde mais a representação secretaria de saúde do estado não se fez presente.
A 1ª palestrante da tarde é representante da Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência Social e Economia Solidária (SETASS), Rosana Monti Henkin. Ela falou sobre violência de gênero, Conceito, Origem, relação dialética entre violência de gênero, patriarcado, capitalismo a relação dialética entre sexismo, racismo exploração capitalista, comentário sobre pesquisa IPEA e sobre pesquisa instituto Patrícia Galvão e por fim perspectivas.
Sua fala acerca de todo um contexto histórico, não tinha como não prender a atenção do público presente. Henkin nos levou a pensar na opressão e na invisibilidade a qual as mulheres sempre vivenciaram na pele subjugada às vontades dos homens, a trabalhar como serviçais, sem receber nada pelo seu trabalho ou então ganhando um salário injusto, que não da para sustentar a sua família. Todas estas formas de violência representam uma violação aos direito humanos e atinge a cidadania das mulheres, o conhecimento apresentado e o desenvolvimento de sua metodologia, foi um presente a nós mulheres.
Em seguida, a última mesa de discussão foi realizada com a representante do Conselho Regional de Psicologia do Mato Grosso do Sul, Zaira de Andrade Lopes, que discorreu sobre a violência psicológica – identificando seus sintomas e possíveis encaminhamentos. Em sua fala ela ressaltou a importância do trabalho dos profissionais de psicologia no atendimento às vítimas da violência, a sensibilidade e a percepção necessária no diagnóstico dos sintomas.
E encerrando os painéis de palestras abre-se para debates e com o decorrer das horas, a comissão do evento sugeriu que fosse feita a relatoria e a finalização posteriormente pela coordenação do encontro, onde as propostas recebidas no evento, por escrito, sejam anexadas ao relatório final, para providências e encaminhamentos necessários.
Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social do Estado de Mato Grosso do Sul.
Reveja o convite do evento.